Alzheimer/Velhice

sábado, 15 de maio de 2010

Porque ainda é dia da catástrofe!...


Na Palestina é assim. Ninguém é dono de si. Qualquer garoto saído dos cueiros, se for israelense e tiver uma farda, pode tudo. Eles humilham mulheres, homens, jovens e aterrorizam crianças. É coisa cotidiana. Acontece todos os dias, desde o fatídico 15 de maio de 1948, quando o Estado de Israel foi criado à força. Naquele dia, milhares de famílias tiveram de abandonar suas casas, suas oliveiras, suas mais sagradas lembranças e sair, na direção de lugar nenhum, fugitivas em sua própria terra. Desde aí, as gentes palestinas são desalojadas, no meio da noite, pela força dos tanques e da armas. São 62 anos e o povo resiste.

Vez ou outra explode o desespero, em violência. Há quem diga que os palestinos deviam dar o primeiro passo para a paz, fazer um esforço, deter o terror. Mas, como dizia o grande poeta Mahmoude Darwich, “ainda goteja a fonte do crime”, e esta fonte não fica no lado palestino. O que podem as gentes diante de tanques? Hoje, Israel mantém prisioneiros mais de oito mil palestinos, destes, 380 são crianças. E que crime cometeram estes meninos de olhos aterrorizados? Nasceram palestinos! Há ainda denúncias de que alguns têm seus órgãos retirados por conta do tráfico de órgãos humanos, outros são torturados da mais variadas formas, mulheres são estupradas. É o terror.

Por isso o 15 de maio ecoa na voz árabe: AL Nakba, o dia da catástrofe. Um dia para não se esquecer. Um dia para celebrar a resistência heróica de uma gente que não se rende e busca, por sobre todos os muros, a flor da liberdade. Haverá de achar... Haverá de achar! Viva a Palestina!

ESTRANGEIRO NUMA CIDADE DISTANTE
Quando eu era pequeno
E belo,
A rosa era a minha morada,
E as fontes eram os meus mares.
A rosa tornou-se ferida
E as fontes, sede.
- Mudaste muito?
- Não mudei muito.
Quando voltarmos à nossa casa
Como o vento,
Olha para a minha testa.
Verás que as rosas são agora palmeiras,
E as fontes, suor,
E voltarás a encontrar-me, como eu era,
Pequeno
E belo...

Mahmoud Darwich

terça-feira, 11 de maio de 2010

Estudantes querem direito de ir e vir


Na última sexta-feira, dia 7, os estudantes e populares que realizaram manifestação em frente ao Terminal Central de Florianópolis não deixaram dúvidas. Caso a prefeitura aumentasse o valor das passagens no domingo, eles voltariam para exigir a revogação. E não deu outra! Não é de hoje que o governo de Dário Berguer (PMDB) se faz surdo aos desejos da população. Nos últimos meses tem enfrentado a ira das comunidades de todo o município, que querem ver reconhecidas as decisões que tomaram em três anos de debates sobre o Plano Diretor. Pois o governo, surdo, decidiu contratar uma empresa de fora para refazer o plano, completamente alheio ao que foi decidido pelo povo em Audiências Públicas.

Agora faz o mesmo com as tarifas de ônibus. Jogando a culpa para cima dos trabalhadores do transporte, alegando que pelo fato de eles terem tido aumento salarial, é necessário o reajuste tarifário, Dário joga o povo contra os trabalhadores. Típica trapaça. A passagem dos coletivos de Florianópolis é uma das mais caras do Brasil e a proposta era de elevá-la para R$ 3,10. As mobilizações de sexta-feira colocaram o gabinete municipal com as barbas de molho e o aumento que veio domingo carregou a passagem de 2,80 para 2,95, ainda assim um aumento significativo para grande parte da população que amarga anos de arrocho salarial.

A propaganda que insensa a ilha como “ilha da magia”, fala em tarifa única, mas, na verdade são quatro. Quem paga antecipado, enchendo os bolsos dos empresários, bem antes de usar o benefício, marcha com 2,38. Quem paga direto ao cobrador, em dinheiro, desembolsa 2,95, e os que usam as linhas de tarifa social, no cartão pagam 1,60 e no dinheiro vivo pagam 1,95.

Na segunda-feira, dia 10, os estudantes voltaram à rua, desta vez em maior número. Mais de 1.500 pessoas saíram em passeata pelas ruas até o gabinete do prefeito. Na pressão, entraram porta adentro, decididos a conversar com Dário Berger. Ele não estava. O povo ocupou o gabinete. Mas não foi por muito tempo. Na maior correria chegou a tropa de choque e sobrou pancadaria para todo o lado. Também não faltaram as armas de eletrochoque que acertaram até a deputada Angela Albino. E aí, é bom que se diga, até a ONU já discutiu sobre o perigo destas armas, aparentemente “inofensivas”. Uma pessoa que use marca-passo, por exemplo, pode morrer com um choque destes, e outros problemas relacionados ao coração podem ocasionar uma morte. Mas, ao poder, que importa?

O mais grave é ver a tropa de choque, com toda a truculência, investir sobre garotos e garotas secundaristas, que nada mais querem que garantir o famosos direito de ir e vir. Afinal, com uma tarifa tão alta, esse sagrado direito fica limitado àqueles que Bresser Pereira cunhou como “cidadãos-clientes”, ou seja, só são cidadãos da polis aqueles que podem pagar, consumir.

As manifestações de segunda terminaram em frente à Câmara de Vereadores onde os estudantes e populares foram denunciar a brutalidade governamental. Para quinta-feira, dia 12, está sendo chamado mais um grande ato no centro. Se a polícia é chamada para garantir o “ir e vir” dos graúdos, então os estudantes querem que o governo reconheça o seu direito de ir e vir com uma tarifa zero. “O trabalhador usa o ônibus para vir trabalhar, para entregar sua força de trabalho ao patrão. É justo que o patrão pague por isso. Queremos tarifa zero para o usuário”, insistem os estudantes.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Aniversário


Nesta semana chego a um momento mágico. Completarei 600 luas de existência, 50 giros pelo sol. Um número cabalístico, cheio de feitiços. É uma coisa assim como a abertura de um portal. Desde a noite tempestuosa na qual abri meus olhos para o mundo, passaram uma ditadura, a bossa nova, Che, a revolução sexual, Tonico e Tinoco, o tropicalismo, a pílula, a anistia, as diretas, as eleições “livres”, Chávez, os movimentos originários. Tanta coisa, tanta história, se revolvendo em cada mudança de lua.

Eu fui criança, mocinha, guerreira, militante. Amei, fui amada, chorei, sofri, dei gargalhadas, brinquei de roda, pintei, toquei violão, tomei banho de mar, corri nos descampados, lavrei terra, enfrentei as tempestades, cai, levantei, estudei, escrevi.

Nas luas novas, criei. Nas luas cheias, arrebanhei, Nas crescentes, vinguei e agora, é hora de minguar. Ir desaparecendo até que volte outra vez a nova, com seu fio de luz. E assim é mesmo esta coisa doida de viver. Como a lua. Como as estações.

No verão, vicejei. Na primavera, gerei, No inverno, guardei. Agora começo a outonar. Essa é a grande verdade das gentes originárias. Não há passado ou futuro. O tempo é curvo. A gente vai e volta, na incansável “samsara”, no rodízio das estações. Em cada uma, um celebrar. Em cada uma, uma beleza a germinar.

Seiscentas luas passaram pelas minhas retinas, 600 luas... E neste pedaço de universo a terra segue seu contínuo girar. Outras luas passarão neste meu lento outonar... e a linha curva da história, do tempo e do espaço seguirá com suas surpreendentes visões. Cá no meu Campeche eu honro aos deuses pagãos, estes que embalaram a humanidade desde os tempos imemoriais.
Neste 14 de maio, debaixo de uma lua cheia, vou dançar com Kuaray. Agradecer, celebrar, silente. Sem barulho de festas ou tilintar de copos. Só o grito dos grilos, a luminosidade mágica dos vaga-lumes, o miado dos meus gatos, o carinho do cachorro e amor dos meus. Sob o céu do Campeche, esperando outras luas... Na solidão (não no vazio), grávida ainda, de tantos novos sonhos...!

Semana de protestos contra o aumento das tarifas do transporte público em Florianópolis


A Frente de Luta pelo Transporte Público convoca toda população de Florianópolis a se manifestar contra esse aumento abusivo nas passagens de ônibus decretado pela prefeitura. Atendendo mais uma vez aos interesses dos donos das empresas de transporte, em detrimento dos interesses da população, que sofre todos os dias com um serviço caro e de péssima qualidade, a prefeitura nos mostra mais uma vez que somente através da organização e dos protestos de rua poderemos vencer e conquistar melhorias significativas no transporte.

Após duas grandes reuniões e um vitorioso ato realizado na sexta-feira, antecipando ao aumento, chegou a hora de mais uma vez ocuparmos as ruas da cidade com grandes manifestações e muita criatividade.

Durante a semana, dois grandes atos centrais irão marcar a luta: na segunda, com encenação da abertura da “caixa preta” do transporte; e na quinta, com o enterro do atual sistema de transporte coletivo. Ambos os atos se concentrarão a partir das 17h em frente ao Ticen.

Além dessas duas grandes manifestações, atos descentralizados em diversas regiões da cidade ocorrerão ao longo da semana, em especial na segunda e na terça. Na quarta, a partir das 11h30 em frente ao Ticen um ato de chamada para a grande manifestação de quinta-feira irá ser realizado, com assembléia de rua e intervenções artísticas.

Chamamos toda população a participar das manifestações e integrar ativamente esta luta, organizando atividades e protestos nos bairros, escolas e locais de trabalho. Seguiremos firmes nas ruas de Florianópolis, até a tarifa baixar!

Contra o aumento das tarifas do transporte!

Por um transporte público, gratuito e de qualidade para o conjunto da população!

Resistir até a tarifa cair!

Florianópolis, 07 de maio de 2010.

Frente de Luta pelo Transporte Público


http://twitter. com/lataofloripa / amanhavaisermaior@ gmail.com

COMITÊ DE LUTA PELO TRANSPORTE PÚBLICO