Alzheimer/Velhice

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Protestos no Ticen

Estudantes puxam a luta contra o aumento da tarifa. Novo preço vigora a partir de domingo.

Prefeitura anuncia aumento de tarifas do transporte coletivo


Quem vive em Florianópolis, sabe. Andar de transporte coletivo é uma odisséia. Inúmeros horários foram cortados e as pessoas se aglomeram em ônibus lotados até a boca. Os períodos de espera no terminal central para tomar o rumo do sul ou norte, lugares mais distantes do centro, nos horários de pico, chegam a mais de 30 minutos, porque a fila é gigante e os ônibus são poucos. Depois de um dia de trabalho, as gentes ainda tem de amargar todo esse atropelo que estressa e desespero. Quem circula pelo terminal logo depois das seis horas pode observar o desânimo que toma conta das pessoas.

Não bastasse tudo isso, a prefeitura agora está anunciando para este domingo mais um aumento na passagem, que aos R$ 2,80, é uma das mais caras do Brasil. Pois a partir deste dia nove de maio, mês do trabalhador, a prefeitura oferece este “presente”: a passagem vai custar R$ 3,12, ou algo aproximado, arrochando ainda mais o bolso dos trabalhadores, que não tem outras opções para se locomover na cidade. O transporte urbano é uma bem montada rede de “parceiros” que não abrem espaço para mais nenhuma concorrência, paradoxalmente, muito distante daquilo que os empresários mesmo pregam que é o sistema capitalista competitivo.

Foi por conta de um aumento assim, desproporcionado, que em 2004 a cidade viveu a famosa Revolta da Catraca, quando a população se levantou em rebelião durante uma semana inteira de protestos. Pois agora as gentes já começam a preparar manifestações. Hoje, dia 07 de maio, ao meio dia, já está marcada uma atividade em frente ao Ticen. A cidade vai ferver.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

terça-feira, 4 de maio de 2010

Sou pequena!

Eu tenho grandes sonhos: o socialismo, o sumak kawsai, a terra sem males. Eu caminho para estas grandezas, cheia de entusiasmo. Mas eu sou pequena, esse é meu saber-ser. Gosto das pequenas coisas, dos pequenos perfumes, dos pequenos quintais, dos pequenos frutos. Eu sou pequena. Perco-me na multidão, nos espaços vastos, nas aglomerações. Biruteio, doidamente.

Eu sou pequena. Gosto das pequenas casas, dos pequenos doces, das pequenas flores, dos pequenos detalhes que compõem um amor. Gosto dos pequenos livros, das pequenas histórias, dos pequenos risos, das pequenas letras. Perco-me nos descampados, nas salas gigantes, nos centros de compras.
Eu tenho grandes sentimentos. Transbordo deles. Mas eu sou pequena. Gosto das pequenas palavras, dos pequenos gestos, dos pequenos animais, dos pequenos regalos, dos pequenos rios, dos pequenos montes. Perco-me nos grandes projetos que suscitam invejas, arrogância e provocam dores. Eu sou pequena, não tenho espaço para a imensidão. Nela, escorrego pelas frestas, vôo pelas janelas abertas, escapo da névoa da vaidade que as grandes coisas provocam.

Por isso. Porque sou pequena, quando as coisas muito amadas vão ficando grandes demais, eu desapego. Porque as coisas grandes tem uma estranha mania de nos absorver, nos consumir, nos esgotar. Medo? Covardia? Que seja! Mas eu fujo das coisas grandes, porque não quero virar um monstro a defender o que saiu do leito. Gosto de ser como sou, assim, pequena. Permitindo-me a pequenos tragos de canha, pequenas baforadas de Santa Maria, pequenos desvarios.

Eu sou pequena, confesso-me culpada! Mas conservo grandes aqueles sonhos: o socialismo, o sumak kawsai, a terra sem males. Quero chegar neles bem assim como sou: pequena. Sem nunca ter concedido um milésimo, sem ter desviado do caminho por conta das coisas grandes.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O sistema nos tira tudo


Acompanhei estupefata a cobertura dos jornais de televisão sobre o dia primeiro de maio. Raríssimos jornalistas usaram a expressão “dia do trabalhador”. Para todo mundo, o histórico primeiro de maio, data que celebra a luta dos trabalhadores, decidida na Internacional Socialista em 20 de junho de 1889, em Paris, virou “Dia do Trabalho”.

Você aí que está lendo esse texto pode perguntar. Mas e daí? O que muda? E eu digo, muda tudo! O dia do trabalhador é uma invenção dos trabalhadores, coisa criada em meio às lembranças recentes dos conflitos em Chicago, em 1886, quando milhares de trabalhadores saíram às ruas lutando por 8 horas de jornada. Foi por desejo dos trabalhadores que esta data passou a ser um dia de referência de lutas, de combates, de batalhas por vida digna e contra o capitalismo predador, que destrói o homem e a natureza.

Pois o sistema capitalista, de um jeito ladino, foi realizando a transformação. De dia do trabalhador passou a ser dia do trabalho. E o que é o trabalho? O que suscita? Nada de lutas, nada de combates contra o capital, nada de conflitos de classe. Nada. É só um ato criador. O dia do trabalhador transformado em dia do trabalho esteriliza a gênese desta idéia que era de luta contra a opressão dos patrões. Dia do Trabalho é uma composição de classe, onde patrão e trabalhador se irmanam, afinal, os dois “trabalham”.

Mas, na verdade, na relação capital x trabalho, é o trabalhador o explorado, o que garante mais-valia ao patrão, o que garante o lucro, no mais das vezes exacerbado. E esta relação não é pacífica, é conflituosa, agônica.

Por isso causa profunda revolta ver os jornalistas, que deveriam ser os que informam com clareza os fatos, reproduzindo estas mentiras, estas armadilhas forjadas pelo sistema que oprime e destrói. Esse povo deveria estudar mais.

Reivindico a volta do dia do trabalhador, dia de luta, de combate. Dia de lembrar os tantos homens e mulheres que tombaram na batalha por uma vida plena. Dia de celebrar a capacidade de luta de todos aqueles que ainda estão amarrados a roda da mó do capital. Dia primeiro de maio é dia do trabalhador, esse ser que, prisioneiro de um sistema em que para que um viva o outro tenha de morrer, resiste e insiste na transformação. Ainda há trabalhadores em luta por aqui, sim senhor!