Alzheimer/Velhice

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Um mundo maravilhoso


Patética cena. Na platéia, de mãos dadas, a realeza. Olhos sorridentes, expressão de gozo e aquela serenidade dos saciados. No púlpito, o arrogante soberano do mundo. Recebia o Nobel da Paz e falava da necessidade da guerra . Nada poderia parecer mais cínico. Justificando a postura imperial dos Estados Unidos, Barak Obama insistia na sagrada missão que este país tem de levar a democracia ao mundo, nem que seja sob o fogo grosso. A imposição da “liberdade liberal” a todo custo, com canhões e bombas.

Grotesca cena, assistida por milhões de pessoas no mundo. Os reis, feito cortesãos, aplaudindo o imperador. E este anunciava a decisão de enviar mais tropas ao Afeganistão, mais mortes, mais destruição, mais dizimação da cultura, da vida. E os lambe-botas, assentindo, extasiados, vendo o dono do mundo, no seu terno vistoso, cuspindo balas. “A guerra é fundamental para preservar a paz...” Que o digam os estadunidenses empobrecidos, os que perderam as casas na crise imobiliária, os que ficaram sem emprego por conta da quebradeira de empresas privadas “competitivas”, os que tiveram de ver seu governo investindo um trilhão de dólares para salvar os bancos, enquanto eles mesmos tem de viver em tendas, sem saúde adequada, sem esperança. Que o digam as gentes dos EUA que observam o Nobel da paz gastar dez bilhões de dólares ao ano com a guerra no Iraque, os que vem seus filhos chegar em caixões.

A guerra dos Estados Unidos não é uma missão confiada por deus para levar boa vida às gentes. A guerra é uma imposição do capital que precisa se expandir. Quando a produção é demais e não há quem compre, é necessário criar alguma destruição para que as empresas possam ter a quem vender. Assim, destruir um país parece ser um bom negócio. Não tem nada a ver com democracia, liberdade e outros destes conceitos bonitos que os cínicos usam para enganar os incautos. O capital lambe os beiços e vai se sustentando mais um pouco, construindo países que foram arrasados pelas bombas.

A teologia que move a sede de poder dos Estados Unidos não nasceu agora, não é exclusividade do jovem imperador. Ela vem de longe na história, e nós, na América Latina, já a sentimos na pele desde quando este país decidiu roubar as terras mexicanas no início do século XIX. Desde lá, as doutrinas de guerra vem assolando nossas vidas, com invasões armadas, invenção de governos ditatoriais fantoches, invasões culturais, invasões empresariais. Tudo isso em nome do “deus” dinheiro, tudo em nome do poder.

Ontem, na entrega do cínico Nobel da Paz, o jovem imperador escrachou a doutrina. Sem pejo. “Não há paz sem a guerra!” E os poderosos – defendeu com seu nariz empinado - tem o direito de impor sua vontade ao mundo. Porque tem os canhões. Michele, vestida como uma imperatriz, deu o toque familiar, limpando tal qual uma dona de casa típica, o fato do marido sob os holofotes. A Globo terminou aí sua matéria, com um riso de admiração no rosto de Bonner e Fátima, eles próprios um casal modelo. E, nas casas, as gentes sorriram. “Quão lindo é esse homem, e quê coragem em defender a guerra!” Enquanto isso, lá longe, no Oriente Médio, as bombas seguem caindo, assim como no Afeganistão, em Honduras, na Colômbia. Mas tudo bem, são só luzes. E é natal...

A razão cínica domina o mundo. Já não há disfarces. Mas eu acredito que uma hora dessas, as gentes acordarão e, decididas, dirão: Já basta! Ou isso, ou a barbárie
.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

“Escola das Américas”, dirigido por John Smilhula

A partir de entrevistas com diversas autoridades, o cineasta Smilhula revela o funcionamento do centro de treinamento, por onde passaram mais de 62 mil oficiais militares latino-americanos, entre os quais torturadores que violaram direitos humanos em países como Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai. O filme conta a história desse centro de especialização de técnicas de tortura, desde sua criação no Panamá, em 1946, até a transferência, em 1977, para o Fort Benning, na Geórgia, onde recebeu a denominação de Instituto de Cooperação para a Segurança Hemisférica.

O documentário traz também comentários de Noam Chomsky, Eduardo Galeano, Michael Parenti e outros, sobre a política externa americana na América do Sul e América Latina, abordando a militarização, globalização, segurança nacional e o chamado terrorismo internacional. Apresenta depoimentos pessoais de vítimas da violência e da repressão na América Latina e levanta questões e preocupações referentes aos verdadeiros objetivos da política externa americana na América do Sul e Latina.

Co-produzido por Andrés Thomas Conteris que por mais de 25 anos viaja através das Américas do Sul e Central em luta pela proteção de Direitos Humanos na região e contra as estratégias americanas de desestabilização política da região. Em Janeiro de 2005, recebeu o prêmio de Direitos Humanos pelas organizações de Honduras pelo seu trabalho denunciando o envolvimento de oficiais e políticos americanos nos esquadrões da morte em Honduras.

Em 2007, Conteris compareceu a Reunião do Senado americano para protestar contra a confirmação de John Negroponte como vice-Secretário de Estado. John Negroponte era no referido período Vice-Secretário de Estado, o segundo no comando de Condoleezza Rice no Departamento de Estado ds EUA. Seu cargo anterior no governo Bush havia sido o de Diretor de Inteligência Americana.

A participação de Negroponte na América do Sul e Central está diretamente ligada as atividades dos esquadrões do chamado Projeto Condor, responsável pelo assassinato de centenas de participantes de movimentos de esquerda na região. Também ligado a Escola da Américas, onde são treinados paramilitares envolvidos na tortura e assassinato de dissidentes. Recentemente a Escola das Amíricas mudou seu nome para “The Western Hemisphere Institute for Security Cooperation”.
Contribuição de Telma Alencar (Canadá).

http://historiaemprojetos.blogspot.com/2009/02/documentario-escola-das-americas.html

domingo, 6 de dezembro de 2009

Não ao Emissário!

Comunidades do sul da ilha, articuladas no Movimento Saneamento Alternativo (MOSAL) se juntam para protestar contra a construção do emissário, um cano que jogará o esgoto da cidade no mar. A manifestação chamada de desconstru-ação, e criada pelo pessoal do Núcleo do Pântano do Sul, levou um emissário gigante para a praia e mostrou como será se isso for construído. A Casan segue com as obras, incapaz de ouvir o grito das gentes. Mas a luta segue!!!